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Não me importam tuas palavras, sei como sou, assim sou. Nada me prenderá aqui. Tenho medo desse lugar, é frio, escuro e sujo onde ratos e baratas passeiam por meus pés. O vento traz a notícia, há lobos por perto. Deve haver comida em algum lugar.
As folhas, nas copas das árvores, conversam entre si, tentando me intimidar. Caminho até a beira de um pântano, meu corpo pede descanso, estou muito machucado. Há cortes em meu rosto, o sangue escorre junto ao suor, faço caretas de dor. Minhas panturrilhas estão esfoladas e  meus braços queimados, envoltos numa camada de barro, fezes e capim, ardem suplicando por água limpa. Sento-me, próximo ao pântano, sem movimentos bruscos. Ali mesmo cochilo.
Passaram-se 20 ou 30 minutos, não sei ao certo, não tenho relógio, mas o sol já se pôs. Acordei assustado, a fome me corrói, sinto meu estômago se desintegrar. Estou há tanto tempo aqui, comendo folhas e insetos, não tenho mais de onde tirar energia, estou mais magro que um fino graveto de pitangueira.
Éramos um grupo de 6, agora já nem sei mais.

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